NOVA TROPEADA
João Batista de Oliveira Gomes
Num tranquito meio lento
Já com o pingo estropeado,
Chapéu e pala empoeirado
De uma longa tropeada,
Cruzou quatro invernadas
Divididas em piquetes,
Com aguadas e pastagens
Coxilhas e caponetes.
E no tranquito vai sumindo
Lá na curva da estrada,
É o final de uma tropeada
Que a tempo tinha iniciado,
Hoje velho já cansado
Mas agüentou firme o tirão,
Enrodilhou o
doze braças
Passando pra um novo peão.
Final da tarde, final de um dia
Final de um mês, final de um
ano,
O candeeiro grande vai se
apagando
Surge a lua como um açoite,
Rasgando o silêncio da noite
Trazendo esperança pra o
povo,
Na despedida de um ano velho
Com a chegada de um ano novo.
Escaramuçando como um potro
Que corta coxilha a fora,
Como um gaúcho, tilintando a espora
Que chega e boleia a perna,
Ao patrão que nos governa
Eu peço pra que nos mande,
Muita saúde, força e coragem
Pra peonada do Rio Grande.
Que este ano novo seja
Bem melhor do que o passado,
Como um laço que foi trançado
Da ilhapa até a presilha
Do couro de uma novilha
Criada em campo aberto,
E nas campereadas da vida
Que o longe se torne perto.
E nessa nova tropeada
Que recém está iniciando,
A tropa vai se espalhando
Da direção da esperança,
Que o nosso patrão da
estância
Alerte o capataz e a peonada,
Que possamos apartar gordos
novilhos
Pro final dessa tropeada.