CUSCO AMIGO
João Batista de Oliveira Gomes
Cusco amigo era um cachorro
Que criei desde novinho
Era feio e arrepiadinho
Quando pra casa eu levei,
Até pouca importância eu dei
Pra aquele pobre animal,
Mas era de raça boa
Era bordoga com policial.
Mas fui tratando do cusco
Pra cer se podia criar,
Para depois ensinar
No sistema que eu queria,
Num pelego velho dormia
Aquele cusquinho arrepiado,
E ao ver que o cusco crescia,
Fui ficando entusiasmado.
E assim criei o cusco
E ensinei mesmo a capricho,
Precisava ver esse bicho
Nas lidas e campereadas,
Se o ginete errasse a armada
Pelo cusco não passava,
Era só gritar que pegasse
E pelas ventas ele agarrava.
Era bueno
mesmo este cusco
E de um bote bem certeiro,
No costado de um terneiro
Que da mangueira refugava,
De mansito acompanhava
E quase que não latia,
Logo o bicho berrava
E pra mangueira ele trazia.
Quanta vez
lembro meu cusco
Que era amigo e mui valente,
O melhor amigo da gente
É um cusco bem ensinado
Quando me sentia apurado
A coisa ficava feia,
Mas prendia o grito pro cusco
E já ganhava a peleia.
E cada bote do cusco
era um índio no chão,
Eu manejava o facão
Na mais feia de minhas
brigas,
Com um pontaço na barriga
Já com o pala esfiapado,
Mas com a ajuda do meu cusco
Eu nunca fui derrotado.
Esta é a estória do cusco
Que muito me acompanhou,
Junto comigo peleou
Ganhava a briga no dente,
Por sinal foi um presente
De um grande amigo meu
O amigo Benhur Barbosa
Que este presente me deu.
E quando digo esta letra
Até me sinto emocionado,
Por não ter mais a meu lado
Aquele meu cusco amigo,
Que me salvou do perigo
Em bochinchos e marcação,
Pra ter um final sozinho
De baixo de um caminhão.