CONVERSANDO COM MEU FILHO
João Batista de Oliveira Gomes
Sentado ao redor do fogo
De uma cozinha de chão
Cevando o meu chimarrão
De erva boa bem socada,
Chaleira preta pendurada
A água sempre chiando,
Uma cuia de bom tamanho
Meu
chimarrão vou tomando.
Olhando a fumaça que sobe
Envernizando o telhado,
Sentadito do meu lado
Meu piazito companheiro,
Eu me paro mais faceiro
Com o piazito a conversar,
Chego, às vezes, um tição
Pra o fogo não apagar.
Conversando com este piá
Apesar de ainda inocente,
Vejo que é inteligente
E já gosta do que é bom,
Me ajuda no chimarrão
Quase todas as madrugadas,
Falando de festas e rodeios
Até de chinas mal domadas.
Piazito peão do Rio Grande
Vejo a estampa de um moço,
Usa lenço no pescoço
Bombacha de brim escuro,
É brasileiro puro
Por nome João Alexandre
Pelo traje se conhece
Que é um filho do Rio Grande.
E se te falo isto meu filho
Apesar de ainda pequeno,
Mais ligeiro vai crescendo
E homem tu vais ficar,
E eu preciso te ensinar
Conforme eu fui ensinado,
Sempre respeitando a todos
Que é para ser respeitado.
E depois tu moço feito
Vais dar tuas gauderiadas,
Não te metas em enrascadas
E se o caso for amoroso,
Não sejas muito teimoso
Mas ligeiro que nem lacraia,
E não te prendas muito fácil
Por qualquer rabo de saia.
E se tu fizeres assim
Pois serás
um moço de brilho
E preste atenção meu filho
Em tudo aquilo que eu digo,
Um conselho de pai amigo
Pois isto eu sempre te dou,
É a herança que trago comigo
Que ganhei do teu avô