AVENTURA DE PEÃO
João Batista de Oliveira Gomes
Domingo levantei cedo
Meu alazão
encilhei,
Botei a bombacha nova
Chapéu na testa tapiei,
Um trinta e oito do lado
Me toquei lá pra o povoado
Pra ver uma prenda que eu
amei.
O meu pingo pediu rédea
Cortando léguas do chão,
Eu só pensando na prenda
A minha maior paixão.
Sou insistente e teimoso,
Sei que o velho é perigoso
Com fama de valentão.
Cheguei na
casa da moça
Passava do meio-dia,
De cara encontrei o velho
Perguntou o que eu queria,
Respondi ali no momento
Quero o seu consentimento
Pra casar com sua filha.
Vi que o velho não gostou
De bravo ficou fumaço,
Saiu falando sozinho:
- Meu Deus do céu, o que eu
faço?
Bravo igual galo de rinha
Vendo sua filha Rosinha
Vindo logo pra meu braço.
O velho virou num diabo
Isto é falta de respeito,
Não quero ver minha filha
Casada com este sujeito,
Dei-lhe a resposta na hora
Eu daqui só vou embora
Deixando o serviço feito.
O velho sacou da arma
Me reborquei pelo chão,
Ele errou os seis balaços
E só gastou munição
Não gastei nenhuma bala,
Dei no velhote de pala
Mas levei minha paixão.
Hoje eu com a morena
Plenos de amor e de afeto,
Levando a vida serena
debaixo de humilde teto,
Do velho sou estimado
Pois tornou-se
bem domado
E é bem louco por seu neto.