CORRIDA DO BAGUAL
João Alves Garcia
Nos tempos de delegado
Meu amigo Enor
sofria
Nos quatro cantos do pago
Diariamente o pau comia.
Era china mal falada
E macho que se sumia
Até que numa festança
De tudo, o índio esquecia.
Na capelinha de Fátima
Começava o
Natal,
Por isso teve churrasco
E reunião do pessoal,
Também um
certo vivente,
Batizado por bagual,
Com um vinte e dois alumiando
Na frente do policial.
No estilo dum baita galo
Andando de atravessado,
Quando um índio cochicha;
-Olha ali o delegado,
O gaúcho se atracou
Num banheiro improvisado,
Mas mui apressadamente
No vaso ficou atolado.
Com o negócio no pescoço
Que até parecia mel,
Jamais saía dali
Não fosse o Bastião Pompel,
O qual,
contava que o índio,
Mais veloz do que corcel
Devassou uma quarta e meia
Do morisco
do Carniel.
Chegou em
casa mais feio
Do que sapo galopando
Igual bocó de raposa
Seu traje estava cheirando;
Amanheceu acordado:
-Briga com polícia e padre
É melhor ir evitando.