VOLTA AOS PAGOS
Jayme Caetano Braun
Há pouco, andei camperiando,
revendo a velha querência,
foram comigo, floreando,
elas terminaram voltando,
quando se retorna ao pago,
uma volta é sempre um trago
que descontrai e que amansa
e a alma é como criança
quando recebe um afago...
Depois de cruzar a “ponte”,
voltei, rumo á Timbauva,
os campos pedindo chuva,
com fumaças no horizonte
e foi levando em reponte,
recuerdos que
sempre trago,
o destino do índio vago
benzido com fio de crina,
que anda, desanda e termina,
bebendo os ares do pago.
Me fui, tranquito, “despacito”.
matando a sede de andar,
até passei no lugar
da “Venda do Bonifácio”,
o negro Tio Anastácio,
não pude ver novamente,
amaldiçoei, de repente,
o destino, esse maleva,
que, alo largo, sempre leva,
as coisas caras pra gente...
Sempre que a gente repisa,
rastros, de há muito pisado,
há soluços esmagados
que o coração memoriza:
Uma sanga, uma divisa,
a venda do “fala fina”,
o arvoredo que se enclina,
marcando a casa da Cléia,
terra nova, terra velha,
verberando na retina...
Ah! O açude do “Zilico”,
depois a casa de lata,
onde a chuva em serenata,
chama o piazedo do “Tico”,
na frente é soja, me achico,
me dói na alma campeira,
mas sigo a marcha chasqueira
e a ser guri, recomeço,
como sempre que atravesso
o “Passo das Laranjeiras”!
Velho”Rincão da Tapera”,
e a “invernada da lagoa”,
o silêncio é coisa boa,
faz tudo ser o que era,
há um cheiro de primavera
que vem dos campos cortados,
divididos, apertados,
eu me paro em agonia,
e o vento quente assobia
nas bordonas do alambrado!
Passei defronte a “Cabanha”
lar da minha juventude,
relicário do índio rude,
imagem que acompanha,
tarde triste de campanha,
quase pedi uma pousada,
mas a alma, atravessada,
me fez continuar, de largo,
depois de um olhar amargo,
não vi o “França” na ramada.
Logo ali adiante o “jazigo”,
que a guajuvira sombreia,
ali o payador apeia,
um adeus pro velho amigo
que tem andadpo comigo,
juntaos, como
sempre andamos,
não rezo, apenas charlamos,
dentro da tarde serena,
e o vento agita a melena
dos ramos, do Danton Ramos.
E um churrasco de cap´~ao,
pra terminar o relato,
grácias, amigo
Renato,
grácias, Aníbal
Padrão,
e á peonada do galpão,
nesta homenagem que presto,
a cambona tem um resto
que dá pra um mate de mano,
na Estância de São Caetano,
onde viveu Tio Modesto.