VENTO SUL
Jayme Caetano Braun
Cruzando a linha,
imaginária, apenas,
o vento livre que nasceu nos Andes,
busca a lonjura
de horizontes grandes,
na ronda velha de arrastar chilenas!
Ponteando pátrias,
na amplidão pampeana,
hino dos livres
que floreando passa;
com o mesmobraço
que peleia
abraça,
com a mesma fúria
que esparrama
irmana!
De poncho azul,
pingo de gelo,
é o vento sul,
cruzando em pêlo!
Desquinchou ranchos,
destoldou carretas,
que o tempo velho
carregou nas ancas,
redemoinhando
nas clineras brancas,
maçaroqueando,
nas melenas pretas!
Na eterna lida,
de cuidar das águas,
reponta nuvens
no mudar das luas,
e ensaia cantos,
no desvão das ruas,
onde o "sem casa",
vem dormir as mágoas!
Clarim dos fortes
que irmanou bandeiras,
buscando o rumo
que sonhou na frente,
o vento sul
é a pulsação da gente
contra a miséria
que não tem fronteiras!
De poncho azul,
pingo de gelo,
é o vento sul,
cruzando em pêlo!