RENASCIMENTO

Jayme Caetano Braun

 

Venho de volta - e caminho,

sedento de luz e paz,

como um pássaro que traz

calor - do primeiro ninho,

tentando ver - se adivinho,

o rumo inicial perdido,

no canto recém-nascido

que alarga o meu infinito,

tropeando as notas de um grito

de há muito tempo esquecido!

 

O Deus que eu tinha - o meu Deus,

pra o que chegou - não servia,

às crenças da geografia

fizeram que eu desse adeus;

aos descampados - só meus

tive de olhar mais de longe,

rezar frente à cruz do monge,

noutros rituais - noutras naves

e - em vez do canto das aves,

o som dos sinos de bronze!

 

Mas não mataram a crença,

nos meus ancestrais vaqueanos,

após quatrocentos anos

venho apelar da sentença;

trago sinais de nascença

dos quais meu sangue destampa

e - neste holocausto pampa,

bem mais gaúcho renasço,

para alargar meu espaço

num grito de terra e guampa!

 

Sonhos que sempre sonhei,

revivem quando murmuro,

na bendição do futuro,

do chão que não reneguei;

cantos que sempre cantei

vão afinando a garganta

e eu sinto que se levanta,

um taquaral na paisagem,

multiplicando a mensagem

de cada livre que canta!