PRA TI GURIA
Jayme Caetano Braun
Pra ti, xirua
clinuda,
Dos ranchos de chão batido,
Com babados no vestido
Na orelha, um galho de
arruda,
Morena, Deus nos acuda,
Pra quem ama como eu amo,
Estrela pampa, proclamo,
Nas horas de nostalgia,
Eu te pergunto,
guria,
Porque não vens quando eu
chamo.
Quando abraço esta cordeona
É como se te abraçasse,
É mesmo que desejasse
Que tu fosses minha dona
E o meu ser se condiciona
Ao teu carinhoso abraço,
Chego a sentir um laçaço
Neste meu corpo franzino,
Pois, se te perco, imagino,
Que vou perder um pedaço.
Calandrias e cotovias,
As palomas,
as tarcazas,
Se
alvorotam quando passas
Murmurando melodias
E, ao calor dos meio-dias
Vão se acalmando os relentos
E até as guitarras dos
ventos,
Se
entreveram á cordeona
Confirmando que és a dona
De todos meus sentimentos.
Vibram todas as escalas
Nos meus dedos tocadores,
Rudes acariciadores
Das tuas tranças bagualas,
No chão batido das salas
Com bárbara bruxaria,
E, completando a magia
Desse teu tranco macio
Com gosto de pasto e rio
Eu canto pra ti guria.