MEU PINGO
Jayme Caetano Braun
O pingo do meu arreio
fui eu mesmo que domei,
arrocinei - enfrenei,
no estilo do pastoreio,
mestre de cancha e rodeio,
gateado - de toda a clina,
fogo aceso na retina
que jamais apaga o brilho,
é o cavalo que eu encilho
nos dias de ver a china!
Me espicho ao trote chasqueiro
num toadita de ronda
bombeando a lua redonda
daquelas de corpo inteiro
talareando o parelheiro
que não precisa de pua
nessa comunhão charrua
entre o gaúcho e o pingo
que advinha que é domingo
e vou rever a chirua!
Ele conhece o caminho
das outras vezes que veio
e vai atirando freio
no rumo certo do ninho
eu me tapo de carinho
o coração corcoveando
meio tonto imaginando
um beijo de amor sincero,
e não falta um quero-quero
pra avisar que vou chegando!
Tanta estrada percorrida,
tanto caminho gastado,
já de cavalo aplastado,
no fim - não tem mais saída,
que adianta entender da lida,
se já não doma e tropeia,
quando a vida que tenteia
é menos que meia vida!
A morte - as
vezes - é boa,
o velho taita descobre,
só o cusco - o amigo nobre,
no rancho - junto à lagoa,
a chuva fina encordoa,
lavando a noite sem fim,
quem vai chorar gente assim,
a não ser uma garoa??