MATE AMARGO
Jayme Caetano Braun
Mate amargo,
com água da sanga,
de erva mansa
curada em barrica;
como eu gosto,
do gosto que fica,
de araçá, cabriúva e pitanga.
Sonho verde,
com lua redonda,
no ritual do carijo ervateiro,
tu secaste,
ao calor do braseiro,
aquecendo romances de ronda.
Batovi dos ervais,
barbaquás,
com secagem - sapeco
e cancheio
no resmungo ancestral do mateio
ao teu ronco
há um bater de manguás.
Nas cambonas
de tropa e de pampa,
nas chaleiras
da estância e do povo,
sem morrer,
tu nasceste de novo,
nas garrafas
que giram a tampa.
Mesmo assim,
mate
amargo,
és tão doce,
nessa cuia
de seio moreno,
porque o mundo
ficou
tão pequeno,
e o teu gosto fraterno
agrandou-se.