MADRUGADA MISSIONEIRA
Jayme Caetano Braun
Madrugada missioneira,
de poncho negro estendido,
há um soluço reprimido,
no fim da noite campeira;
como adorando a chaleira,
sobre as brasas de espinilho,
- ao estribilho,
do "pai de fogo" que chia,
completando a sinfonia
do flete quebrando milho!
Há um ruflar de cabeleiras,
com gritos de: ibi..bi,,bi
e um soturno "laususcri"
que vem do fundo das grotas
marcando as últimas notas
do funeral guarani.
...A cunhatay trigueira,
mais doce que o guabiju,
já não busca o índio cru,
para o idílio primeiro,
no velho rio missioneiro
que amamentou Tiaraju!
...As estrelas bombeadeiras,
com fogoneios de frio,
são candeeiros sem pavio,
clareando em noites serenas,
os atavismos e as penas,
do missioneiro arredio!
...A furna da feiticeira,
já não é mais o que era,
o jarau virou tapera,
foram-se as negras batinas
e o templo guarda, entre as ruínas,
os assobios do angoera!
Madrugadas missioneiras,
com cheiro forte de terra,
os teus caciques de guerra,
mateiam noutras fogueiras;
já não há duas bandeiras,
da Ibéria - voejando ao léu,
houve um glorioso Te-déum,
de sangue - e dessa oferenda,
nasci GAÚCHO e legenda,
pra me tapar com teu céu!!