HERANÇAS
Jayme Caetano Braun
Está chovendo,
eu mateio,
do meu fogão de espinilho;
alargo a mente
de xiru andarilho
e me perco a memoriar,
de adonde veio,
essa ansiedade xucra,
de mudar de trilho,
e essa tendência braba,
de bandear rio cheio!
Está chorando a cordeona,
nos baixos e nas hileras,
e o mate amargo me fala
de fronteiras,
de lanças,
de clarins e de choronas,
no meu destino de guardião,
dessas bandeiras
que foram glória
das querências chimarronas!
Meu pingo está relinchando
e se agrandam as retinas,
das inquietudes de xiru,
brasinas,
quando se lembra
que viveu peleando,
de parceria
com esse irmão de clinas,
hoje um pretexto
pra morrer cantando!
Pingo - cordeona e chuva,
três heranças,
que não têm dono,
nem sinal,
nem marca,
nem pátria,
nem querência - nem comarca,
mas são meus fletes
de tropear lembranças!!