CORDEONITA
Jayme Caetano Braun
E já se vieram...
já se vieram...
a la pucha!
tropel de patas,
retinir de patacões,
e a cordeonita,
amansa teclas e botões,
quanto mais tempos,
mais vaqueana e mais gaúcha!
Dou doble e luz,
para esse guacho!
- soca o freio,
bota a parada, no más
- estende o pala!
e a cordeonita,
vai trocando a fala,
no já te pego
e já te largo do jardeio!
Sinos da Ibéria
que acordaram tolderias,
ecos distantes de tambores africanos
e cantos gringos,
misturados aos pampeanos,
no caldeamento imemorial
das melodias!
E a cordeonita
dos comércios de carreira,
se abre - pachola no más,
floreando marcas,
a relembrar
fletes e lanças
dos monarcas
que falquejaram
os dois lados da fronteira.
Uma só vida,
cordeonita,
é muito pouca,
para os teus causos,
das andanças
e memórias,
para os romances das peleias
e as histórias
que vais cantando,
balbuciadas,
em voz rouca!
A indiada alçada,
a beira povo,
já não grita,
o "já se vieram",
acordando as tardes quietas,
já vão sumindo, tempo adentro
as canchas retas - pra sorte nossa,
tu ficaste, cordeonita!