BRANCO OU COLORADO!

Jayme Caetano Braun

 

São dois emblemas, dois guascas,

Um Branco, outro Colorado

Relíquias que no passado

Voejaram com altivez,

Levando, mais de uma vez

Da campanha ao litoral

A gauchada bagual,

Que de lança e boleadeira

Incendiou serra e fronteira

Atropelando um ideal!

 

Estandartes do Rio Grande

Eternamente rivais,

Que o sangue de nossos pais

Tornou mil vezes sagrados

Na peleia entreverados

Com denodo e galhardia,

Fortalecendo esta cria

Que foi padrão de coragem

Abarbarada e selvagem,

Mas cheia de fidalguia!

 

Um tem a cor dos braseados

Dos fogões de acampamento

E quando tremula no vento,

Nas coxilhas desfraldado,

É o sangue bem colorado

Da raça em efervescência,

Levando na sua essência

Aquele pendão eterno

Que foi tronqueira de cerno

Na formação da querência!

 

Outro é branco como a geada

Das alvoradas pampeanas,

E nas dobras soberanas

Revela, quando esvoaça,

Toda a nobreza da raça

Que no voejar se retrata,

Parecendo que relata

Coragem e desassombro

Quando no trono dum ombro

Estendido se desata!

 

Velho Lenço Colorado

Tu carregas no teu pano

Todo o valor haragano

Dos cavaleiros charruas

E acordas quando flutuas

Por essas várzeas assim,

O eco de algum clarim,

Que ressurgindo da campa

Anda volteando no pampa

O guasca que está no fim!

 

E tu, velho Lenço Branco

Como a alma das chinocas

Tu, que meu sangue provocas

Quando te vejo esvoaçar,

Comigo hei de te levar

Sempre alegre e satisfeito

Atado do mesmo jeito,

Seja na paz ou na guerra

Como emblema desta terra

Batendo sobre o meu peito!

 

É tradição de gaúcho

Ter amor nestes dois trapos

E ver na trança dos fiapos

Um sentimento tão santo.

Por isso te adoro tanto

Meu Lenço Branco ou de cor

E até Deus Nosso Senhor

Que usou bota, espora e mango

Lês garanto que é chimango

Se maragato não for!