ESSES CAMPEIROS DE TODO DIA
Gujo Teixeira/Cristiano Quevedo
Esses campeiros que todo dia
encilham baios em comunhões
deixam na terra marcas de casco
andejam campos nas cerrações
batendo a marca pelas estradas
onde se perdem imensidões
buscam na fonte de água boa
matar a sede dessas paixões.
Só mesmo o tempo que apaga
sonhos
e mostra a vida suas razões
trascem a pressa sem que se peça
um sonho novo aos corações
e quando a lida lhes cobra força
sentam suas garras em redomões
ranchando bastos a campo fora
gastam esporas pelos fundões.
Estes campeiros que todo dia
trocam suas vidas por ilusões
floreando baios gastando esporas
merecem mais que simples canções.
Amontam potros, baguais, ventenas
honrando a força dos seus garrões
e se sustentam no tirador
soltando armada nas marcações
e cai a tarde por entre os cerros
maragateando as amplidões
e cevam mates de erva buena
contam histórias pelos galpões.
E lembram versos e cantorias
na parceria dos violões
as mãos campeiras semeiam notas
por entre as primas e os bordões
a mesma noite que traz os medos
e os segredos de assombrações
acende estrelas e olhos lindos
brilhando tantas constelações.