PEÃO RURAL
Getúlio Abreu Mossellin
Eu já fui um peão rural,
Desses pra todo serviço.
Cumpria meu compromisso
Com muita dedicação.
Me criei sem profissão
Aprendi de quase tudo.
Não tenho nada de estudo,
Apenas calos nas mãos.
Sei fazer canga e canzil,
Sei fazer brocha e regeira,
Sei trabalhar na mangueira
Tanto a pé, como a cavalo.
Sei fazer taipa e valo
No meio do banhadal.
Sei aguar um arrozal,
Dobrando o cacho no talo.
Sei lavrar terra e gradear,
Sei plantar milho e feijão.
Sei quinchar um galpão
Pra paiol ou pra cocheira.
Sei fazer uma mangueira,
Pra forma da cavalhada.
Sei fazer queijo, coalhada,
Coisa especial de primeira.
Sei dosificar um rebanho.
Sei curar uma bicheira,
Sei parar égua matreira,
Botando um canzil na mão.
Sei peleguear um capão,
Pra assar de madrugada
E juntar a terneirada
Num dia de marcação.
Sei fazer casa e galpão,
De telha ou de santa-fé.
Sei fazer um café
Bem campeiro, de chaleira,
Sei fazer uma porteira
De arame com retranco.
Sei fazer banco e banca
Mobília bem galponeira.
Sei fazer tudo que disse,
Não tenho medo de errar,
Pois nasci pra trabalhar,
Sou peão da lida pesada,
Tenho as mãos calejadas,
Do cabo da ferramenta.
Meus braços é que me sustenta
E DEUS me guia na estrada.