MEU JEITO
Getúlio Abreu Mossellin
Peço licença patrão,
Me
apresento bem assim,
E o sangue que trago em mim
Por parte de mãe e pai,
Italiano e Paraguai,
Esta é minha procedência,
Nativo desta querência
Fronteira com o Uruguai.
Nasci bem numa coxilha,
Na costa do Ibicuí
E o cerro do Batoví.
Me bombeava do outro lado
Na imponência de soldado
Sem se mover do lugar.
Banhado pelo luar,
Este candeeiro sagrado.
Venho do oco do campo,
Do galpão de santa-fé,
Da panela de três pé,
Pendurada na cumeeira
Frossura, pata, coalheira.
Cardápio bagual sem luxo
Pois é a bóia do gaúcho
Criado em lida campeira.
Fui criado a campo fora,
Livre como pensamento,
Venho do lombo do vento
De rédeas
firme na mão,
De espora no garrão,
Pra pentear o macegal,
Assim como um temporal,
Varrendo o lombo do chão.
Não tenho nada de estudo,
Sou meio grosso e quadrado.
Muito pouco falquejado
Pelo machado escolar.
Mas aprendi a respeitar,
Da criança até o idoso.
Sou calmo e não sou maldoso
E sei quando me calar.
Sei escutar os mais velhos,
Porque o respeito é bonito.
Ninguém me ganha no grito,
Não que eu seja melhor
Mas também não sou pior,
Tenho minhas qualidades
E defeitos a
vontade,
Uns bem grandes e outros
menores.
Este é meu jeito patrão
Que lhe contei na poesia
Pois acredite, sou cria
Das coxilhas e canhadas
Dos corredores de estradas
Da minha fronteira Oeste
Pois trago nas minhas vestes
A identidade estampada