GALPÃO NEGRINHO DO PASTOREIO
Getúlio Abreu Mossellin
Pra quem pega a 030
Passando Gravataí,
Fica perto, logo alí.
Cento e dois é a parada.
Entrem a direita, moçada
Na estrada do boqueirão.
Logo avista o galpão
Onde abriga a cavalhada.
É no Passo da Caveira
Onde ergueram este galpão.
E ali fincou o garrão
Com cozinha e cocheiras
Parede de costaneiras
Coberto de Brasilit.
Chegue no
más, nos visite,
Que a água está na chaleira.
Aos campeiros do galpão
Que tenho grande amizade.
Pois guardam a identidade
Dos gaúchos de outrora.
E carregam nas esporas
O som do pago nativo
E sempre de pés no estrivo,
Pra se largar campo à fora.
Aqui dentro deste rancho,
É o mesmo que estar em casa.
O fogão cheio de brasa
Especial de aconchegante.
A gritar chegue pra diante
Puxe o cepo e vá sentando
E a cuia já vai passando
Na mão de seus visitantes.
Quando me abanco a matear
Me faz lembrar o interior.
Quem foi templado ao rigor
De chuva, sol e geada.
E a vida, falquejada,
Dá valor á este ambiente
E abraça esta gente
Como quem cerra uma armada.
Gente brava e hospitaleira
Encontra neste galpão,
Pois aqui há tradição.
Apeio e faz morada
E está enraizada
Nas entranhas da querência.
Isto mostra a imponência
Desta brava gauchada.
Perdoa negrinho santo
Se usamos o teu nome.
Mas tu foste grande homem,
Por isso que tens valor,
Peço pra Nosso Senhor
Da mesma forma e perdão
Pra batizar este galpão
Com o nome de campeador.