CRENÇA E PROFISSÃO
Getúlio Abreu Mossellin
Entre as lidas do passado,
Algumas vou
relatar.
E também homenagear
Os benfeitores de outrora.
Nestes versos conto agora
Um pouco destas funções.
A crença e as profissões
Desta gente lá de fora.
Te lembra das benzedeiras...
Que curava todo o mal.
Crianças, homens e animal,
Para tudo elas davam um
jeito.
Garganta, ouvido e dor no
peito,
Dor
de dente e rendidura,
Esta humilde criatura
Que eu tenho maior respeito.
Alguém lembra do mascate?
O vendedor ambulante,
Este antigo comerciante
Da campanha e do povoado.
No seu bolicho toldado
Sobre rodas de madeira,
Do litoral a fronteira
Vendia a vista e fiado.
Já ouviu falar dos ferreiros,
Da marreta e do tenaz.
O templador de machado,
Facas, enxadas e pás.
Ponta de arado e bolcadeira.
Ganchos, elos e passadeira,
Onde o aço retinia
Nesta profissão bravia,
Da velha estirpe campeira.
Morador "a
retirado"
Das casas grandes da
estância.
Até lá, muita distância,
Pra chegar ao posto campeiro,
A morada do posteiro,
Guardião dos fundos de campos,
De noite só os pirilampos,
Faziam a
vez de candeeiro.
E a porteira de campanha;
A terceira das avós.
Pois ela ajudou a nós.
Ao vir ao mundo com jeito.
Pra depois, levar ao peito.
Pra primeira refeição
Fazia com o coração
Com muito amor e respeito.
Nos tempos dos matadouros
Que existia de primeiro
Pois vinha o velho
"chureiro",
O açougueiro ambulante
Que empurrava por diante
a carrocinha de lata
Vendia
miúdos e patas,
Este humilde comerciante.
A esta gente de outrora,
Que a gente sente saudades.
Das suas capacidades
De nos deixar um legado.
Que o progresso esqueceu
E no tempo se perdeu
Por ser coisa do passado.