ALDEIA DOS TAPEJARAS
Getúlio Abreu Mossellin
Casa de caco de pedras,
Mais tarde virou galpão.
Santuário do chimarrão
Uma antiga leiteria,
Hoje é hotelaria
Onde abriga a cavalhada.
É bem a beira da estrada,
Tudo que nasce se cria.
Coberta feita de zinco,
Esteios, linhas e caibro.
Pedra sentada no saibro.
Porta de lata e madeira.
Galpão do fogo e cocheira,
Lugar de arreios e forragem,
Dois quartos para hospedagem
Da peonada campeira.
Cacimba de água boa,
Olho d'água
resistente.
E um açude mais a frente
Pro banho da cavalhada.
Feito com taipa empedrada
Há muitos anos atrás.
Com mariposas e pás,
Prepararam esta aguada.
Cavalos de muitos pêlos,
Tordilhos, moros e bragados.
Todos muitos bem tratados,
Por três índios da campanha.
Pi, Semente e Mano Canha.
Peões moldados nos bastos.
De sair varrendo os pastos,
Tirando baldas e manhas.
Muita sombra pra eguada
Descansar no pendurico.
Galos, sabiá e tico-tico.
Pra fazerem a alvorada,
Nas manhãs brancas de geada,
Ou nos dias de calor.
Onde o peão trabalhador
Pega na lida pesada.
Tem dois casais de lebreiros,
Que são balas campo a fora.
É só escutar a espora
Seguem a tranquito seu dono,
Mas nunca perdem o entono
Pois são sempre sentinelas.
Sempre cuidando a cancela,
Enquanto o peão dorme um
sono.
Esta aldeia é no Alegrete,
Postada ao sul da cidade.
Terra boa de verdade
Numa antiga pedreira,
Fica perto da fronteira
Do Uruguai e da Argentina.
Pois eu guardo na retina
A tua imagem campeira.
Até logo companheiros,
Volto quando Deus quiser.
Mas o dia que eu vier,
Visitar esta jóia rara
Com o vento batendo a cara.
Pode ser inverno ou verão.
Voltarei neste rincão,
ALDEIA DOS TAPEJARAS!