RETORNO
Eron Vaz
Mattos
Por onde andei,
peregrino,
sorvi mel de lechiguanas...
Junto aos sotaques dos ventos
soltei o doce das rimas
para o silêncio escutar...
Mas, de repente, acampei
pr’a ruminar a s
lembranças
colhidas no meu andar!
Os raios de tantos sóis
que eu aparei no chapéu
- naquelas buscas de andejo
lidando com meus anelos
renasceram tão amenos.
Suaves, belos e serenos
no mimo dos teus cabelos.
Da intimidade dos pastos.
- Da florescência dos campos,
dos silvestres banhadais -
juntei aromas tão lindos
que os trouxe dentro da alma,
- suavizando a estrada longa,
de horizontes que venci;
- depois que voltei dos
longes
torno a encontra-los mais puros
recendendo junto a ti.
As nuvens em procissão,
singrando o vago infinito -
pecharam feros
rigores
- de teimosos aguaceiros -
que abriram rastos de invernos
no pano azul do meu poncho.
Com amargos na garganta,
bebi orvalhos dormidos,
- presenteando os meus
difíceis -
para saciar a ilusão!
Cruzei por noites escuras
- enluarado por dentro -
e guardei luzes de estrelas
que me guiaram o andar!
Mesmo depois, das estradas,
volto a vê-las luzidias,
cintilando calmarias.
Pousadas no teu olhar!!
De tanto mirar coxilhas,
o verde - claro dos campos
veio morar nos meus olhos
e no manso das retinas,
arquivei imagens doces
- entretidas de recuerdos -
que namorei nos caminhos:
cicatrizes de luzeiros
nas sombras das coronilhas;
e nas alturas dos galhos
- que embalaram plamas e cantos -
cerimoniais multicores
para a ternura dos ninhos...
Lindos matizes de céu
desses que pintam lagoas
ao retratar primaveras,
e abrem novas auroras
de sustentar esperanças!
Da voz
amenas das sangas
- qual um sonho que viaja
entre raízes e sombras -
proseando pelas distâncias
para o alento da vida
que rumbeia sobre pedras;
aprendi canções singelas
em campeiras melodias
- de embalar segredo antigo -
para brindar o mais terno
destes momentos eternos
dos mates junto contigo!