RECANTO
Élson lemos
Eu busco um recanto de paz e
sossego,
com campos bem largos,
galpão pros amargos e empelegados
cepos
na volta das brasas.
Uma ponta de gado na costa de
um mato,
a ruminar silêncios...
... que
almejo pra mim...
Recanto que busco pra adoçar
meus mates,
pra esquecer a lida
e a turbulenta vida que a cidade tem,
regalo campeiro,
que os pais de meus pais, a tempos atrás,
tiveream também.
Eu sonho um recanto com açude
e sanga,
e feliz ao sol quente,
na água corrente, pescar lambari,
eu quero um recanto, escondido lá fora,
esquecido do tempo;
do tempo das horas,
que hoje, agora...
... me
torne um guri...
Desejo um recanto de visão extensa,
pra ao final da tarde,
ver o sol que arde sumir no horizonte,
sorver os meus mates,
com a água do poço,
que muito bebi nos tempos de moço...
... e
a sede de infância saciar nesta fonte.
Eu quero um recanto pra
encontrar alento
e murmúrio de ventos
pelas primaveras que vem e vão,
percorrer as distâncias do meu próprio ser,
me sentir desta terra, qual planta a crescer
e ouvir a chuva caindo no chão.
Achar meus caminhos,
beber das vertentes,
que um dia beberam os meus ascendentes,
cultivando a terra pra colher o pão.
Meu recanto é um sonho,
- talvez um esboço... com o qual me pareço –
que amadurece...
... enquanto
envelheço,
sofrendo saudades, minha alma é cativa
das memórias que atiçam estas brasas vivas,
acendendo a fogueira dos meus sentimentos.
A cada longo dia aqui na
cidade
aumenta a distância,
alimento esta ânsia,
que hoje tão longe da realidade,
me faz bem mais triste!
Será retrocesso recordar a
infância
e sonhar com o recanto que não mais existe ?
Por fim só um sonho...
... sonhado
acordado,
na selva de pedras que aos sonhos resiste!!!