Um Canto Para o Pajador
A Jaime Caetano Braum
Egiselda
Brum Charão
Teu canto, Jaime, pro Pago
- como tambores ao vento –
é templa de índio vago
que eternizaste no tempo.
É verso xucro brotando
que nem semente na terra,
de sul a norte germinando
levando paz onde há guerra.
É o açoite do minuano
de manhã, levantando geada
que pelo chão campechano
anda pintando a madrugada.
É cheiro de terra
molhada
rescendendo na lonjura,
é a mesma terra lavrada
descortinando a planura....
É gato se enrodilhando
na quentura do brasedo,
quando a noite vem cinchar
o poncho sobre o arvoredo.
É a junta da carreta
rangendo em carga pesada,
gemendo a sina andarenga
na quietude da madrugada.
Teu canto, Jaime...
É o verbo que aprisiona
a rima que brota ao largo.
É o som da velha cordiona
parceira do mate-amargo.
É seiva de encantos mil
que em contraponto a boeira
reponta a noite campeira
- num timbre de alma missioneira
pelo sul do meu BRASIL !!!