TRILOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Egiselda Charão
I – O FLORECER DO IDIOMA
Veio com as invasões
dos exércitos romanos,
e foi misturando-se as raças
em derrotas e vitórias.
Na Galícia em Portugal
que esse idioma primitivo
sem ter tom definitivo
sem ter casa ou pátria final
prenunciando seu destino
já nasceu sem ter bocal.
Herdou do antigo latim
uma variante notável
esta bela flor do lácio.
Moldou na sonoridade
a influência mesclada
e templada das conquistas
onde a história feito artista
pintou sua longa jornada.
Para ser lírico e perfeito
outros elementos assume
e em cada fonema resume
que essência e patriotismo
tem modo, sotaque e jeito.
E a língua Portuguesa
decantada em de vidala
tem vibrações quando fala.
Sonoridade, timbre e leveza...
Mas idioma é como o homem
se dominado sucumbe
se vencido se transforma.
Igual Camões em nostalgia
a flor, então, se aprimora
assumindo o próprio tom.
E feito pássaro - ave canora
desenhando na geografia
portugueses sentimentos
que iluminam seu som.
II – O LINGUAJAR BRASILEIRO
Nossa lingua Portuguesa
é filha do caldeamento
das raças que se finaram
e no fonema exaltaram
um telúrico encantamento.
Na terra de Vera Cruz
Caminha a eternizou
descrevendo a bico de pena
na primeira carta poema
a paisagem que o encantou.
Cruzou mares e ventos
Cantou o Brasil dos "aboios"
melodiando os desalentos
pelas vozes dos tropeiros.
Irmanou-se com a indiada
dos povoados missioneiros,
e nos terços e responsos
encantou os nativos primeiros.
Depois bandeiras mesclaram
outros tons à nossa língua
Até hoje são pungente voz
qual tambores centenários
a ruflarem dentro de nós.
Mas é senhora e rainha
a qual o mundo não relega
sobreviveu e carrega
em si todo atavismo.
É rudeza e é lirismo,
temperado com poesia
onde Castro Alves
qual viajante mensageiro
eternizou a dor e o pranto
do negro no cativeiro.
É música, é brasilidade
e no eco de cada verso
é vibrante sonoridade .
É do Brasil o universo
a língua-mater soberana.
Assim a fala lusitana
é bandeira e voz da Pátria
nesta terra americana!
III – O LINGUAJAR GAUCHESCO
A gauchesca linguagem
é do sul a identidade
é soma da mestiçagem
é sentimento e saudade.
Nesta provincia pampeana
assumiu um som diferente,
pra demarcar as fronteiras
neste sul do continente.
Retovou-se na roupagem
abarbarada dos caudilhos,
temperando pelas geadas
o sotaque dos seus filhos.
Reproduz um rude encanto
na fala timbrada e calma
se o pajador no seu canto
traz ressonâncias da alma.
É telúrica voz do campo
do silêncio é sinfonia.
É qual luz de pirilampo
com lumes de nostalgia.
Traz a marca dos barões
das fazendas e charqueadas
é idioma com qual Simões
descreveu as lendas passadas..
Nossa língua Portuguesa
durante quinhentos anos
carrega campeiros matizes
no seu troar campechano.
Porém, da fronteira ao serrano
da campanha ao citadino,
retumba tal qual os sinos
das antigas catedrais.
Tem na fala um som divino,
na forma... Sinais imortais!