PORTO SOLIDÃO

 Egiselda Brum Charão

 

Há uma outra verdade

sob as parcas luzes do porto

que abriga levas de gente...

O mar abraça a cidade

levando no sal da saudade

uma quietude aparente.

 

No braço os estivadores

carregam e descarregam

a rotina centenária.

E as grandes embarcações

na visão imaginária

vão engolindo amplidões.

 

E abarcando viventes

vez por outra Ele chora

bem onde o rio beija o mar,

levando a mágoa dos crentes

pois a inconstância apavora

a sina de ir e voltar.

 

E em busca do lugar certo

vou entoando meus versos

sobre as ondas a vagar.

As velas do vento sussurram

e rumo ao porto empurram

os anseios de chegar.

 

Pois  Ele é o lugar seguro

para ancorar estas rimas

que pranteiam à luz do luar.