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ARRIMANDO CANSAÇOS DA VIDA
Egiselda Brum Chaão
O carão já cansado
reflete nas
rugas
que os sóis
pincelaram
... canseiras e
agruras.
roídos, amarelos
e desbotados...
retratam
amenidades,
sofrenaços da vida
e recuerdos
perdidos
nas lonjuras.
Teus olhos já
turvos
- são janelas do
pampa.
Embaçam miragens
que os tempos
nublaram
e curtidos da lida,
agora, repontam
campeiras imagens
de a muito
"olvidadas".
Teu tronco curvado
ao baixeiro do
tempo
- Um cerne de
angico
vergando-se ao vento !
Troteia no “povo”
chibando misérias
e fazendo biscates
pr'o rango mixado.
Quando finda a
tarde,
ao acaso
tonteia rudezas,
sorvendo a sorte
palmeada nos
mates,
amargando as tristezas
Tronqueiras...
tuas pernas
- Esteios do pago
!
arquearam ao lombo do zaino.
Incertas
fraquejam,
em passos vagos
andejam
sem rumo e sem
norte,
sem botas
desgastadas
e sem estribos.
Tropeçam "a
lo largo"
reculutando
invernadas,
sem prumo vagueiam
pra changa dos
cobres
em longas
tropeadas.
Tuas louras
melenas
- ouro dos
arrozais.
Cobrem-se das
invernias
dos muitos
agostos.
E a colorada das
guerras
- um símbolo
libertário,
eternizas ao
pescoço
nos bailes de
rancherio
e carreiras em
alvoroço.
Tua alma campeira
perdura no fole da
gaita.
Os olhos verde- ternura,
verdejam nos
campos
teu jeito de
taita.
Da face cansada,
ausentou-se o
sorriso.
O olhar esfumado
distanciando a
paisagem,
pernas arqueadadas
arrimando basteiras,
e as melenas
mouras
de eternas geadas,
ao sopro dos
ventos
embanderam soalheiras...
São lascas
dispersas,
vestígios amargos
das horas sofridas
na rude labuta.
São guerras sem
glórias,
e marcas das
perdas
que tu, velho
tata,
tranqueaste na
história
a mango e sogaços.
Hoje...
só
"ajunta" cansaços,
recuerdos da lida
saudades da vida,
e lutas... sem
vitórias !