O TESOURO DA SALAMANCA

Dimas Costa

(Para uma prenda)

 

Formosa princesa ibérica

Enfeitiçada dos mouros,

Veio guardar os tesouros

De todas as formas da vida,

E no Cerro do Jarau

Fez o seu ninho-prisão,

Onde a alma dum sacristão

Rondava a gruta escondida.

 

Um dia o Gaúcho Brau

Penetrou naquela furna

E foi buscar a fortuna

Que a princesa não quis dar.

Mas a lição que se aprende

Nesta lenda tão bonita,

É que a sorte só é bendita

Prá quem é forte e lutar!

 

A moeda que o Santão

Deu ao Blau de recompensa,

Era por certo a sentença

Doa que querem mais que o mundo.

E essa Mulher-lagartixa,

Que fanatizava o vivente,

Não era mais do que a semente

Que tem segredos no fundo.

 

E foi renegado a riqueza

Que o gaúcho concluiu

Ao ver que o cerro se abriu

Frutificando a existância,

Que o tesouro da Salamanca

Era toda essa grandeza

Que ostentava a natureza

Deste Rio Grande-Querência