MAIS UMA HISTÓRIA CRUEL

Dimas Costa

 

Gaudério de fina flor

Juvino, pobre gaúcho

Um dia se deu ao luxo

De conquistar uma prenda;

Moça, linda e ricaça,

Tendo um dote primoroso,

E era o Querubim mimoso,

Do dono duma fazenda.

 

Nessas presilhas curiosas

Que a sorte enlaça os viventes,

Ternuras, sonhos ardentes,

Enebriaram esse par.

A moça amava Juvino,

E, valendo o preconceito,

O pai negou o direito

Dos dois um dia casar.

 

Mas o amor verdadeiro

Quebra tudo que é grilhão,

E quando se acende a paixão

Num coração jovem e puro,

Não tem porteira que ataque

O tropel duma vontade

Que marca uma realidade

Para o plantel do futuro.

 

Juvino e a moça fugiram...

Porém o pai vingativo,

Desses de topete altivo,

Que pouco importa o destino,

Num atroz procedimento

Sem a ninguém dar ouvido,

A um vassalo bandido,

Mandou matar o Juvino.

 

E esta história tem o arremate

De mais um drama sentido,

Mais um fato repetido,

Que dói contar, em verdade:

Duas cruzes marcam o fim

De duas almas vencidas,

Que resolveram unir as vidas,

Nos campos da eternidade.