CACIMBA
Dimas Noguês Costa
Cacimba de água clara,
espelho da minha infância.
Cacimba onde em criança
tantas vezes fui bombear
o jeito da minha cara.
Cacimba de água pura,
tão pura, tão azulada,
que a gente quando bebia
até mesmo não sabia
se estava bebendo água,
se estava bebendo céu!
Cacimba, nas tuas águas
ficou pra sempre o segredo,
que tanto medo me dava,
cada vez que os olhos meus
roçavam no teu espelho
sem nunca enxergar o fundo.
Mistério
não sei de quê,
pois nunca pude saber.
Somente a aranha medonha
que morava nas tuas bordas,
sabia o que eu não soube
desse mistério profundo...
Cacimba de água clara,
espelho da minha infância.
Quantas
vezes saciaste
a sede bruta que eu tinha
de cansaço, nos folguedos
dos meus tempos de guri!
Cacimba, mais do que nunca
eu hoje clamo por ti!
Cacimba, eu estou exausto,
tenho o coração em fogo,
tenho a alma ressequida!
Cacimba, mata-me a sede
que eu trago neste cansaço
dos atropelos da vida!