BRINQUEDOS DE GURI

Dimas Costa

 

Tropa de osso, gravetos,

Laço de imbira ou cipó,

Assim brinca o guri

Mui faceiro e mui ancho,

Na sombra do oitão do rancho

Mui entretido e só.

 

Olhando o pai gaúcho

Fazer as coisas campeiras,

Ficava horas inteiras

Imitando aquela lida.

Era a tradição se eternizando

Mesmo ainda na inocência.

Era a alma da querência

Imitando a própria vida.

 

Hoje também eu brinco,

Pois sou criança, ta visto,

Mas não sei porque, meus brinquedos,

Não tem alma, é massa fria,

E eu só sinto alegria

Quando de gaúcho me visto.

 

Meu pai é tradicionalista

E quando as vezes ele sai

De gaúcho assim trajado,

De bombachas, bem pilchado,

Eu tenho orgulho do meu pai.

 

E brinco então de campeiro.

Do espanador faço um mango;

Faço de cavalo a poltrona...

Duma caixa faço a cordeona

E...me toco pro fandango.

 

Sou pequeno mas já sei

Usar a imaginação,

E pela minha descendência

Com as coisas da querência

Eu brinco com a tradição.