Aparição
Dimas Costa
Eu vi, sim, Nossa Senhora
descer, descer, inda agora,
das pontas daquele cerro...
Foi milagre!!! Foi milagre!!!
Pois naquele instante se ouvia
uns toques de Ave Maria
nos badalos de um cincerro.
Meu Deus! Meu Deus, que ventura!
A virgem era tão pura,
tão bonita, tão bonita!
E não vinha, não, com luxo,
com retoço
assim de nobre,
vinha simples, vinha pobre,
toda vestida de chita!
Parecia a chinoquinha,
com perdão do bom Jesus!
Na fronte trazia a cruz
das estrelas do Cruzeiro.
Desceu, de manso, na várzea,
cercada de pirilampos
e atravessando esses campos
foi sumir-se no potreiro...
Milagre! Milagre, eu vi!
Ninguém quis acreditar!
É só porque eu vim contar
do jeito mesmo que a vi:
se eu mentisse, se eu
dissesse,
que ela estava entre tesouros,
coberta de ricos louros,
não diriam que eu menti!
Acham graça, quando eu falo,
zombam de mim, eu bem sei!
A ninguém mais por direi,
que enxerguei Nossa Senhora...
Naquela várzea bonita
toda vestida de chita
descer, descer inda agora.
Eu vi, sim tenho certeza
e que alegria me deu!
pois a mãe de Deus, como eu
é simples e não tem luxo
e lhes digo com franqueza,
sem vaidade ou heresia
decerto, como Maria
Jesus também é gaúcho!