DUAS QUERÊNCIAS
Derly
Silva
Nasci
Terra do Pedro Raymundo
Não te esqueço um só segundo
Ande lá por onde ande
Esta saudade se expande
Ao lembrar-te, chão querido,
Quando parti comovido
Para o glorioso Rio Grande.
É muito triste para um filho
Deixar a terra natal
Eu até me senti mal
Quando ao deixar a querência
Beijei já sentindo a ausência
O pai na despedida
E minha mãezinha querida
Razão da minha existência.
Vim aqui pra ver de perto
Essa xucra tradição
A roda de chimarrão
E a tertúlia campesina
Mas vejam só
minha sina
Eu aqui me aquerenciei
E lá distante deixei
Minha Santa Catarina.
Que coisa linda o rodeio
Nesses dias de verão
Vem toda a população
Da cidade pro interior
Vem poeta e trovador
Vem muita prenda charmosa
Vem a cordeona
manhosa
Acompanhando o pajador.
Mas não foi só a tradição
A razão dessa mudança
Brotou em mim a esperança
Eu quero que me compreenda
Que meu verso não é lenda
Ele tem um objetivo
É que eu já era cativo
Do amor de uma prenda.
As águas do Mampituba
Cansei de cruzas a nado
Saia cá do outro lado
Que nem tiro de garrucha
Hoje eu penso “a lá puxa”
Como um moço faz loucura
Só pra sentir a doçura
Do beijo duma gaúcha.
É esta a história, patrício,
De um guasca catarinense
Que hoje é riograndense
De alma e de coração
Dois estados, meu irmão
Que ninguém passa pra traz
Exemplo de amor e paz
Esteio de uma nação.