VELHO UMBU
Cyro Gavião
Relíquia velha, saudosa,
Eu fico cheio de prosa,
Quando me lembro de ti...
Tu eras a sentinela;
Tu cuidavas a janela
Do meu quarto de guri.
Quando, de longe, te via,
O teu vulto parecia
Que dominava o rincão!
tu eras gaúcho forte,
Que renascia da morte,
Na sombra do meu galpão.
Hoje, de ti mui distante,
Cerro os olhos um instante
Pra ser piàzote
outra vez...
No dorso da tua raiz,
Eu gineteava
feliz
Um sonho que se desfez.
Sesteando sobre um pelego,
Sentia o doce aconchego
Desse teu lombo tão duro.
Por entre a tua folhagem,
Como se fosse miragem,
Namorava o meu futuro.
Meu velho, meu velho umbu,
De tudo só ficou tu!
Morreu a minha ilusão...
Os mais velhos me enganavam:
Mentiam, quando mateavam,
Matando meu coração.