TREMPE DE CARRETEIRO
Cyro Gavião
Velha trempe esborrachada
Por sobre o fogo que atiço,
O teu crioulo feitiço
Me tironeia
e repuxa...
E o fogo que pipoqueia,
Traz lembranças de peleia,
Num festejar de garrucha.
No teu simplório feitio,
De arame preto torcido,
Tens um segredo escondido,
Por detrás da
picumã...
E’ que a china, em seu
desvelo,
Trançava sempre o cabelo
Com três ramais, de manhã.
Trempe velha, suja e preta,
Que, no flanco da carreta,
Lãs
tristonha a cismar...
Me planto, hoje, a pensar
No tempo que já se foi:
Minha velha bugiganga,
Que, no balanço da canga,
Sonhava ao tranco do boi.
Por isso, cá na cidade,
Ao te ver, assim, no peito
Da serigaita
sem jeito,
Que te fez de pregador,
Me pelegueia
um calor,
Lembrando uma carreteada...
E’ que, ao te ver pendurada,
No colo duma granfina,
Refestelada, na esquina,
La-puxa, barbaridade,
Me tironeia
a saudade
Das tranças da minha china.