SONETO DO GAÚCHO EM
MOVIMENTO
Cristiano Ferreira
I
Sobre
um trono de regalo
se
apossou dessas planuras
a
mística e briosa criatura
e
seu precioso vassalo.
Sim!
É do gaúcho que falo
e
sua propalada bravura,
que
ante o tempo venceu lonjuras
sobre
as valorosas patas do cavalo!
Também
usando juntas de bois,
vagou
rodando – depois ,
pelas
rodas das carretas.
Cobertas,
a época, com couro, depois lonas,
levaram
mercancias e milongas choronas,
do
litoral a fronteira, pra que a História fosse feita!
II
Por
senhor sobre as coxilhas,
o
gaúcho também cruzou o Rio Grande a pé,
talvez
por legado de herdeiro de Sepé
cumprindo
com sua sina andarilha.
Nos
passos firmes sobre a flexilha
trilhou
léguas em campechana procissão de fé,
quem
sabe na pele de um bravo Pajé
ou
cumprindo o destino de campeador farroupilha.
Mas,
quem sabe, o taura andarilho
que,
com orgulho, reporto nesse instante,
fosse
o vento tropeiro e semeador.
Talvez
fosse um canto “pé-no-chão”,
Que
lavrou e deixou marca no rincão
Tropeando
sonhos e plantando versos de amor.
III
Mas
até por sobre as águas também,
O
gaúcho habilmente soube passar.
Por
vezes, pela necessidade vital de cruzar,
Outras
por paixão sem igual a alguém.
Na
pelota de couro um índio vem,
De
canoa, um dia, o gaúcho vai voltar.
No
futuro é certo que será um barco a navegar...
Mercadorias
e riquezas que o Rio Grande têm.
E
até por entre os campos
Para
estranheza de muitos e espanto de tantos,
Usando
rara destreza navegou com o Seival.
Provando
a todos a audácia e o tino,
de
um povo que forjava a templa e desenhava o destino
de
uma epopéia digna e de um feito sem igual!
IV
São
séculos de existência
e
rastros de mil contendas,
traçando
o rumo das lendas
que
vagam pela Querência!
O
gaúcho aprendeu na convivência
e
nas lições da fazenda,
que
marcam pra ser legenda
àqueles
com mais consciência.
Pois
agora sabe que pra ir além,
não
importa se a pé, a cavalo, carro ou trem...
carreta,
carroça, barco... ou pensamentos ao léu.
Não
dá pra ficar parado, cuidando a vida passar,
tem
de buscar a ternura pra mais livre se encontrar,
talvez
uma pandorga para voar e estar mais perto do céu!