O Medo , A Alma
e a Coragem do Poeta
Cristiano Ferreira
O medo...
seduz o bico da pena,
e ofusca a luz do poema
que... cala por não saber.
O medo flagela a fome,
assoma a dor que tem nome:
...Inveja terá de ser!
O medo...
é lança que não dança,
e na mão oprimida balança
quando é maior que o sofrer.
O medo é tolo e... carrega
a velha alcunha que nega:
é Covarde e não quer ver!
O medo...
é grito no abismo...
fundo – oco - do egoísmo,
onde surdo irá viver.
O medo é fruto da imagem
ainda oculta na visagem
de que é triste envelhecer!...
Então...
Seria o medo
a inquietar o coração?...
Talvez... inconsciente
a afugentar as palavras
pra não desnudar a alma
no espelho do papel?!...
Mas... quem
sabe
o som de um grilo,
quebrando o vazio do silêncio,
de rédeas ao sentimento
que do peito se desprende
num ímpeto de coragem
pra refletir... nova imagem.
A coragem...
é sol que brilha no escuro,
está no canto mais puro...
no simples ato de amar.
A coragem é o gesto de ir em
frente,
semear e estar presente...
no germinar, no florir... e no
secar.
A coragem...
é o recanto da paz,
mostra do que o diálogo faz...
a quem lhe queira buscar.
A coragem é gota de orvalho,
que da folha se desprende...
para com o vento voar.
A coragem...
é o suor de quem trabalha,
a esperança da batalha...
de lutar pra prosperar.
A coragem é o instinto da
gente,
que mais do que ser valente...
sabe o que quer conquistar!
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Por fim...
neste mosaico de sons...
palavras e tons,
o vento abre a cancela
no parapeito da rima,
e a Lua pinta a obra-prima
que o véu da noite ainda oculta...
Sim!...
Num clima que só o amor faz,
- com acordes de um ponteio
da mais sublime guitarra -
o sol da Coragem brilha e...
seduz o Medo e a pena,
e o ciclo recomeça...
pra conceber um novo... POEMA!