A VAIDADE ENTRE SONETOS

 Cristiano Ferreira Pereira

 

A Vaidade ante ao espelho se deslumbra...

Se enaltece, exibindo um riso fútil,

Julgando que é um dever e que é útil,

Por entender ser o lume adormecido... na penumbra.

           

Quem sabe a Vaidade, a quem alumbra...

Na insensatez de ser sempre melhor,

Enfim... desfaça a amargura do pior,

Pra que a negra claridade se descubra?!

 

A Humildade me sussurra no ouvido...

Que o rumo ao Paraíso Prometido,

Não é o mesmo de quem o orgulho seduz.

 

É a magia encontrada na palavra,

Na sutileza e no instinto de quem lavra...

Que a busca é seguir de encontro... a Luz.

 

A Vaidade se expõe de fácil forma,

Como saída dos escritos de Neruda...

Sendo a beleza que a vista não desnuda

E a verdade que o tempo não deforma.

 

Talvez seja o acaso e não a norma...

E a empáfia para sempre não confunda,

Que a insensata lógica um dia muda...

E a borboleta... na lagarta se transforma.

 

Pois nem sempre é ouro aquilo que reluz,

Nem sempre é fato o que a História traduz,

E a ostentação não extingue a realidade.

 

Olhando a imagem que há muito se admira,

Ante ao desgaste... o amor não ouve a lira...

E o que é belo se reduz à leviandade.

 

Quisera desnudar a Vaidade

E revelá-la no espelho de papel...

Mas a pena do destino foi cruel

E a imagem refletida é só saudade.

 

Pois, deixou-me da magia a metade

e... na consciência, amarguras como fel.

Como pode uma abelha não ter mel...

E a palavra não voar em liberdade?!...

 

Sonhara transmitir em verso e forma

A Vaidade que, a tempo, se conforma...

Em ser só rima pra o bater do coração.

 

Talvez um causo pra contar a um amigo

Ou ser o canto do pássaro que eu abrigo...

Numa lágrima orgulhosa... de emoção.