Alheio às conquistas espaciais,
longe dos
homens que engenham guerras,
sabe apenas das coisas que o rodeiam
nesse seu mundo,
atrás dos aramados.
Conhece a oração da ramaria
que o sarandi sussurra ajoelhado,
quando por ele passa a ventania;
conhece a paz que nasce
em cada chuva
e canta em cada flor
pelas coxilhas;
sabe do sol que volta a cada dia,
como a esperança que ontem perdeu;
sabe da luz igual das três-marias,
da ternura dos bichos pelas crias,
do carinho da terra onde nasceu...
Sol de seu rancho...
Lua de seus sonhos...
No universo sem fim dos verdes campos,
a órbita final dos aramados.
A ti que, em vez do ímpeto
selvagem
do potro que se atira contra os ventos
numa ânsia animal de liberdade,
conheces o furor da espaçonave
a derrubar barreiras e mistérios,
em busca da razão e da verdade;
a ti, que és seu irmão e és astronauta,
peço que não esqueças que ela existe.
Dá-lhe um pouco do muito que alcançares
dos progressos dos homens deste tempo,
das conquistas de mundos colossais.
Talvez penses que em face do universo
um rancho e o pampa nada representam;
a paz das chuvas... a razão das flores...
a ternura dos bichos... a esperança que ontem morreu!