QUANDO DIGO UM POEMA
Colmar
Pereira Duarte
Quando digo um poema a quem
me escuta,
esse poema sou eu, nessas palavras
que floresceram de mim, na minha fala,
se há espinhos e o poema cala,
a flor dos lábios – úmida, entreaberta-
é uma rosa vermelha
que resume meu silencio e emana meu
perfume.
O poema sou eu... porque desperta
os pássaros canoros da ternura
que põem trinos e asas em meu canto.
Sou eu,
porque irradia da retina
a luz do meu olhar cheio de espanto
e do sol interior que me ilumina.
Sou eu... porque
escondendo
meus ressábios, no mel das rimas
adoça
meus lábios
e frene na emoção na minha
voz.
O poema sou eu!
pois do meu corpo
fez um templo pagão, em seu louvor;
e na frágil redoma do meu peito
um coração que ama o próprio amor.
O poema sou eu... porque me guia
pela mão,
ás paragens onde os sonhos
confundem realidade e fantasia,
plasma a energia magica
e revive
as emoções que tenho e as que tive
e dão sentido a toda essa poesia.
O poema sou eu... pois minha alma
vaga com ele muito além do corpo;
abre as janelas do meu rancho escuro;
tinge de lua meus cabelos longos,
á espera dele, pra ir campo a fora
e em sua garupa, desafiando o tempo,
posso viver sem medo, como agora,
e de estrelas povoar meu universo.
Quando digo um poema a quem me
escuta,
o poema sou eu, doada em palavras:
o poema sou eu desfeita em versos.