Para Ser Sombra
Colmar
Duarte
Cresci no meio dos pastos
buscando o sol, por instinto.
E foi a ânsia que sinto
de desvendar minha sorte,
que me deu razão pra vida,
dando sentido pra morte.
Minha alma é campo aberto;
não tem dono nem divisa.
Entrega-se a quem pisa,
dá frutos a quem a planta;
entristece com quem chora
pra se alegrar com quem canta.
Sou como árvore sozinha
que estende os braços à estrada.
Dou sombra, sem pedir nada,
aos cansados do caminho.
Com o canto dos passarinhos
me sinto recompensado.
Nada peço,
nada espero,
não quero o que não mereço.
E das penas que padeço
não me queixo nem me esquivo...
Ninguém sofre sem motivo;
toda alegria tem preço!
Sozinho à beira da estrada,
vou cumprindo meu destino.
Não invejo o peregrino
que à minha sombra descansa;
ele vive de esperança...
e eu sou razão do caminho.