COLMAR DUARTE
Me perco, às vezes, contemplando a estrada
que se prolonga ao rumo do infinito;
Atrás, há um rastro de ilusão passada,
à frente, os sonhos de um viver bonito.
Há um horizonte que se perde à vista,
uma conquista, talvez impossível,
por mais que, às vezes, a luta persista,
sempre há um espaço para o inatingível.
E quem, solito, a estradear se solta
talvez se perca e não encontre a volta
porque esta estrada nuca chega ao fim,
e eu que persigo os sonhos nas distancias,
vou, a do largo, repontando as ânsias
que se entropilham ao redor de mim.
II
Chego a pensar que as encruzilhadas
são quem definem os nossos destinos,
não sei porque, mas sempre escolho estradas
onde transitam só os teatinos.
Encontro alguns, que trazem no semblante
marcas profundas de desilusão;
algumas sofridas, com destino errante,
e o amor
ausente no seu coração.
Existem outros, de sorriso aberto,
que embora veguem por caminho incerto,
jamais s entreguem pra adversidade:
são os centauros, meio potro e gente,
pra quem o mundo sempre é diferente
e não tem preço a sua liberdade.
III
Há os que enveredam por estradas tortas
onde o abismo é o fim da jornada,
só ilusões e esperanças mortas
vivem nos sonhos de quem busca o nada.
Então pergunto: -Por que estrada eu sigo,
na encruzilhada que me surge à frente?
Já sinto o tempo a caminhar comigo,
seguindo aos poucos, no rumo do poente
O que eu não quero é ver chegar o fim,
e ouvir o tempo a gargalhar de mim
por ter seguido a direção errada,
não porque a vida já me fez covarde,
mas chega um dia em que se torna trade
o recomeço de uma nova estrada...