Conto Sem Fadas

Colmar Duarte

 

Quando me descobri,

Mudo de espanto,

E alcei os olhos para o horizonte,

Vi os tropeiros

Sumindo nas lonjuras.

E as marcas paralelas das estradas

Estendidas ao sol,

Que eram timbradas

Por rodas de carroças mascateiras.

 

O pátio do meu rancho quedou Chico;

Meu flete de taquara, lerdo e inútil;

Um céu dentro de mim abriu clareiras;

Meu coração  foi andorinha ao vento.

 

Depois...

Quantos caminhos percorridos?

Quantos sóis persegui,

quantas miragens?

Até fazer de nuvens meu refúgio

E de estrelas florir minhas paisagens.

 

João e Maria de um canto sem fadas,

São devoradas pelos passarinhos

As migalhas

Que espalho nos caminhos

Para guiar-me

Em novas alvoradas.