DO QUE FALAM OS SONHOS
Carlos Omar Villela Gomes
Poema
enviado por Kamila Souza Laurindo
Prenda
Juvenil
CTG
Os Praianos -7° RT – MTG SC – São José)
Suspira
a folha amarela
De
um caderno envelhecido,
Como
buscando respostas
Que
ninguém mais encontrou;
A
pena pulsa na mão,
Ansiosa,
encabulada,
Navegando
a madrugada
Onde
o poeta chorou.
Suspira
a alma do poeta
E
transborda em seu olhar...
Buscando
a flor mais preciosa
No
seu jardim de ilusão;
Que
estranho labirinto
Entre
o viver e o criar,
Ao
tentar dizer em versos
As
coisas do coração.
O
minuano desatina
Com
suas lâminas de frio...
A
pena é um pássaro errante
Querendo
ganhar o céu.
Mas
o poeta é prisioneiro
Do
seu próprio desafio...
E
outra lágrima faz rio
No
amarelo do papel.
O
poeta dorme afinal,
A
pena foge da mão...
O
tema não despontou,
O
poema não despertou,
O
papel caiu no chão.
E
os olhos fundos do poeta
Singraram
a escuridão.
Mas
do que falam os sonhos
Quando
se ausenta a razão
E
a alma navega livre
Mirando
mais que o olhar?
Mas
o que contam os grilos
Quando
as tristezas se vão
E
aflora o sonho mais lindo
Pra
quem quiser enxergar?
Do
que falam as estrelas
Nessa
noite sem luar?
O
que cochicham as almas
Que
vagam nesse rincão?
Será
que a alma do poeta
Se
encontra nesse lugar,
Ou
será mais uma estrela
Luzindo
na imensidão?
Ninguém
sabe, ninguém viu,
Mas
de repente o estio
Se
tornou inundação
Do
mais bonito dos rios.
A alma agora é vertente,
É
paixão, é ventania...
É
a palavra mais fluente
Num
grito de rebeldia.
Fala
de terra, de gente,
De
tudo o que vale à pena...
A
alma se fez um sonho
E
o sonho mostrou o tema.
O
poeta então despertou
Num
misto espanto e sorriso...
Buscou
a pena caída,
Que
repousava, tão só,
E
o papel amarelado
Manchado
de pranto e pó.
Deixou
a alma falar
E
contou coisas tão simples,
Tão
difíceis de enxergar.
Falou
de um homem, plantando
Após
a safra perdida...
De
um velho, se levantando,
Depois
da queda sofrida.
De
corações se encontrando
E
de um ventre carregando
Mais
um milagre da vida.
Falou
de alguma milonga
Dedilhada
num galpão,
Quando
a alma do campeiro
Era
luz e inspiração.
Contou
que o sonho é uma ponte
Que
cruza o rio do horizonte
Pra
quem se faz coração.
Falou
de ranchos pequenos
E
de porteiras abertas...
De
mãos erguendo moradas,
De
mães soprando acalantos
No
ouvido manso dos filhos.
Falou
do sol, ressurgindo
No
meio dos temporais,
De
alguém, num palco de guerra,
Entoando
um hino de paz.
Falou
do rosto da moça
Que
transbordou num sorriso
E
fez da alma do moço
Um
canto do paraíso.
A
alma se fez um sonho
E
o sonho mostrou o tema...
Falou
de coisas tão simples,
Dos
desejos mais comuns...
Daquilo
que o tempo inscreve
Na
saga de cada um.
Falou
de coisas tão simples,
Tão
difíceis de enxergar...
Assim
o tema jorrou
E
inundou o papel.
Os
olhos fundos do poeta
Se
afundam, em despedida,
Pela
noite mais bonita
Que
a poesia iluminou.
Será
a flor da poesia
Delírio
de um sonhador?
Será
o tema um espelho
Das
fantasias da alma,
De
alguma ânsia escondida?
O
tema veio num sonho,
No
maior sonho de amor...
O
tema veio num sonho,
Um
sonho chamado vida!