A
ESPADA
Carlos Omar Villela Gomes
A
espada é feito uma pena
que
escreve com cor de sangue...
O
instinto e a loucura refletindo no metal;
Os
motivos e a bravura
sob
a sombra das bandeiras,
pisando
a estranha fronteira
que
há entre o bem e o mal.
A
voz da espada é silente,
mas
planta gritos de dor...
Nos
passos de cada gente
já
gravou o seu furor;
O
gosto do sangue quente
no
golpe arrebatador...
Espada,
eterna semente
das
chagas do desamor.
O
fio que corta não treme
mas
faz a carne tremer...
O
olhar vazio da espada
assiste
a vida escorrer.
Meus
olhos viram neblina,
perdidos
nos temporais...
Deus
do céu, quanta chacina
é
feita em nome da paz.
Personagem
maior dos entreveros,
imbatível
senhora das guerrilhas,
que
pintou pelo verde das coxilhas
o
vermelho matiz do desespero.
A
espada não soluça tantas mortes
é
fria e impassível, feito as feras...
E o
argumento final, que pelas eras
impôs
que a lei suprema é a do mais forte.
O
mal não vem só da espada,
mas
de outras armas também...
Alguém
com a faca afiada
na
jugular de outro alguém;
Revoluções,
patriotadas,
a
fúria, a carga, o tropel...
E a
fumaça acinzentada
fechando
as portas do céu.
Talvez
não seja a espada, companheiro,
a
culpada de tanta escuridão...
Talvez
seja quem a ergue em sua mão
em
nome da justiça e da verdade...
Despertando
nos porões da humanidade
a
fera que habita o coração.
O
gume da espada é a extensão
do
olhar do homem que perdeu as rédeas...
E fez
soprar o vento das tragédias
na
história que forjou cada nação.
Não
se entende irmão matar irmão...
Razões
existem, mas são tão pequenas,
e a
paz talvez seja nesta cena
um
mero sonho que se fez botão...
Uma
rosa de luz que vem do chão,
buscando
um canto pra desabrochar.
E o
amor, a ternura, a comunhão,
onde
ficaram nessa história triste?
Ficaram
no valor dos que resistem
ao
feitiço da loucura e da ambição.
A
verdadeira coragem é um clarão
entre
as sombras fatais da incoerência...
É a
pequena flor em resistência
a
fúria da espada e do canhão.
Um
dia o sonho vai brotar das mãos
do
homem, que ousou acreditar
que
o sol renasceria em cada grão;
E,
ao sol que surge entre os temporais,
o
fio da espada vai ceder lugar
a
luz da rosa que se chama paz!!!