Interrogação
Bianca Bergmann
Eu caí em meu próprio
esquecimento...
Esqueci-me de quem sou...
De onde venho...
De certeza... sei apenas que estou
vivo,
Mas nem sei
ao certo onde estou agora!
Uns me dizem que sou louco...
Que me perdi por amores
E
assim me afastei de Deus.
E que às sombras
de um adeus
Enlouqueci de saudade.
Outros dizem que sou anjo...
Que escondi minhas asas
E
ando junto das fadas e suas
varas de condão.
A ajudar quem precisa,
Quem necessita carinho ou uma
simples canção.
Uns me dizem que sou forte...
Que já peleei nessas plagas
E libertei o meu povo,
Das garras de quem matava
Com
as armas da opressão.
Outros dizem que sou fraco...
Porque fugi desta pampa
E
me exilei noutros pagos.
E que agora retornei,
Buscando amores e afagos.
Uns me dizem que sou doce...
Qual brisa leve que sopra.
Que minha voz é uma pluma
Conduzida pelo vento
Aos ouvidos de quem sonha.
Outros dizem me dizem veneno...
Que já provaram em mim
O gosto de mil pecados.
E que é amargo o beijo doce
No véu de ausências que eu trago.
Quisera eu neste instante
Poder saber a verdade!
Só sei que sinto saudade
De um passado que não
lembro...
E que talvez nem
exista!
Quem sou eu?
De onde vim? Me vou pra onde?
São perguntas que não calam,
Mas as respostas não vêm.
E um silêncio neste instante
Me reporta mais além...
Sim... uma luz de pensamentos
vem clarear as idéias.
Começo a lembrar canções...
Voltar no tempo... quem
sabe me livrando das maneias.
E vou vendo a cada
cena
Que todos tinham razão.
Eu guardo em mim muitos
loucos...
Muitos anjos sonhadores...
Muitos heróis e covardes...
Brisa leve... Tempestades...
Muitos pecados também.
Eu tenho um “deus” e um “demônio”
Peleando dentro de mim!
Pois sou “Poeta” senhores!
E se ma faço poesia,
Não tenho início nem fim.
Talvez meu esquecimento,
Seja apenas uma forma de revelar um segredo
E contar... “Eu não existo!”
Sou apenas mais um verso...
Em um delírio, de mim mesmo!