De Boa Cria
Aureliano de Figueiredo Pinto
Com aquela revolução,
os homens tinha se erguido
ao flanco de um só esquadrão.
Ficou só a gurizada
para as lavouras e os campos.
Cada um toma atitude,
e imita os gestos e os jeitos
de tauras que se ausentaram.
Um se faz domador
!
Traz a eguada pra mangueira
e convida os piazotes
a lhe dar um ajutório:
mode galopear alguns potros...
Laçou um alazão manchado,
potrilho ali por dois anos,
que urrou e priscou no laço,
como filhote de tigre.
Feita toda a encenação
ali na grama da frente
o gurizito montou:
"- Podem froxar esse quebra!..."
Agüentou pouco nos bastos
o gauchito domador.
Lá pelo oitavo corcovo
se foi de ponta-cabeça
escralavando a carita
maneado ao tirador,
e o braço esquerdo quebrado.
Quando a campeira morena
(olhar pisado de ausência)
empeçou, com mãos de santa,
a encanar com taquaritas
o braço da quebradura
foi lhe falando de manso:
"- Meu filho, no que tu sares,
virá o alazão manchado...
E vais domar sem cair !
Até aprender não cair".
"Pra teu pai – se ele
volta –
não alvorote os penachos
nem vire bicho na jaula
por ter um piá tão maula
que ande a cair desses guachos".