COLÔNIA
Aureliano F. Pinto
Depois das geadas de julho,
agosto entrou morno e claro
com um pouco de vento norte.
O Bepe,
um atleta louro,
de perfil garibaldino,
cangou o boi velho
mouro
com o tambeiro brasino.
Como nas glebas toscanas
entrou na roça
cantando
tagarelas do apenino
“canzones” napolitanas...
O largo ferro do arado
sangrava a terra dormida
no seu roteiro linear,
sulcando a terra cindida
como uma trilha no mar.
Lavrava, o Bepe, a lavoura,
achando a terra macia.
Planta do cedo daria!
E a sua seara seria
como ele, de forte e loura.
E nas milhãs
das restevas
o arado, as leivas virava.
W o vento Norte ventava
e o solzito convidava
a aproveitar bem o dia.
“Anda-te,
amigo Brasino,
per capiscare il lavoro
con cuesto mio vecchio Mouro
che m’há veduto bambino”.
Com pouca barba no queixo,
ganosa de um
mata-bicho,
pela estrada, um cruzador
ia direto ao bolicho,
pensando, no seu desleixo:
Que gringo trabalhador!
Daí a duas semanas
faceira a terra alisada
trigueira recém casada
guardava ao ventre a semente
gloriosa do agricultor.
Forte e feliz, fecundada
Radiante a cada alvorada,
pelo seu louro cantor.