REMANSO
Arabi Rodrigues
Marchava a
noite em silêncio
Na sua calma de monge
E os galos cantavam longe,
Harmonizando o sem fim!
Sobre a quincha
de capim
A luz de pés descalços
Rondava o sono dos salsos,
Vestindo a terra de prata.
Na soleira da cascata
A sanga se debruçava
E alegremente brincava
Dançando na corredeira,
Beijando o pé da figueira
Donde o remanso rezava.
Neste palco a natureza
Sorria na voz do vento
Espelhando o firmamento
Numa gota de sereno.
Ao ver um ponto pequeno
O mundo além do meu verso,
Luzia o grande universo
Sua beleza difuza!
E a musa da minha musa
Se calava na barranca.
A seus pés, a espuma branca,
Simbolizando a pureza,
Sintetizava a grandeza
Da vida que a vida arranca.
Um homem de barbas longas
Cabisbaixo, girava a esmo,
Falando consigo mesmo,
Rememorando o passado.
Vendo a vida d’outro lado
Entre alegrias e mágoas,
Refletindo sobre as águas
Vertidas do seu olhar
Que o tempo fez derramar
Num turbilhão de ansiedade
Por fim, veio a liberdade,
E o AMIGO de barbas longas
Hoje revive milongas
Marcado pela saudade!