PERFIL
Arabi
Rodrigues
Caramba que tenho orgulho
de ser gaúcho sangue puro.
Tranqueio de lombo duro
e por qualquer dá cá uma palha
não aprovo homem que atalha
nem me acolhero com macho
não sirvo pra ser capacho
nem me ajunto com canalha.
Não corto volta pra touro
pode estar onde estiver.
Não me prendo por mulher
que não se der fundamento.
Desaforo,
não agüento,
e nem dou milho pra bode
mas respeito fio de bigode
que valha por documento.
Comigo é oito ou oitenta
e a grito a coisa é mais feia.
Me ferve o sangue na veia
que nem cacimba em banhado,
me paro mais entonado
que pica-pau na tronquira,
me arrepia a cabeleira
que nem guaipeca molhado.
sou livre como o Minuano
sou puro por exelência.
Cabresteio, por descência,
acolherado ao
respeito.
O que é bom já nasce feito,
pois ser gaúcho é ser assim,
deixo que falem de mim
ser xucro não é defeito.
Me apeio junto a consciência
para dizer o que sinto.
Sou assim, morro e não minto
pra defender o pelego
quero ter paz e sossego
na camperiada da vida
e falar de cabeça erguida
por todo o lugar que chego.
Bendigo ao Patrão eterno
por ter nascido xiru
e enfrentar de peito nu
a minha própria consciência
eu me curvo em reverência,
á raça que foi modelo
e por ser do mesmo pelo
pertenço a mesma tropilha
que abriu a primeira trilha
na formação da querência.
E é por isso, peão amigo,
que dou o que posso de mim,
pro Rio Grande ser assim
nas futuras gerações.
que se aclarem as visões
aparecendo outros vultos
pra rezar os mesmos cultos
nas catedrais dos galpões.